San Fermín

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«Pamploneses! Pamplonesas! Viva San Fermín! Gora San Fermín!»

6 Julho – 12h00 em ponto – Varanda do Palácio Consistorial (sede do Ayuntamiento) com estes dizeres é lançado o foguete que assinala o início das festividades… o txupinazo (em basco) segundo é conhecido!

É o delírio nas hostes!!! COMEÇOU!!! A multidão que se apinha na praça do município (os que vão cedo – MUITO cedo) vestida a rigor – pamplonica: camisa e calças/saia branca com lenço vermelho e faixa cintura vermelha – não defrauda os que demais acompanham o espectáculo pela televisão. A praça (e todas as ruas adjacentes) está coberta de branco e vermelho! Os lenços que estavam guardados no bolso ou atados no pulso são colocados no ar… um mar vermelho estende-se até onde os olhos alcançam! Finalmente o lenço é colocado ao pescoço e daí só será tirado no dia 14 enquanto entoam «Pobre de Mí»

GRA048. PAMPLONA, 06/07/2016.- Miles de personas festejan con sus pañuelos alzados el inicio de las fiestas de San Fermín 2016 tras el lanzamiento del tradicional chupinazo" desde el balcón del Ayuntamiento de Pamplona. EFE/Jesús Diges© Jesús Diges

A cidade de Pamplona prepara-se para aquela que é uma das festas mais conhecidas a nível mundial… São 9 dias onde tudo passa para segundo plano, de 6 a 14 julho os pamploneses e os milhares de turistas que a visitam só ali estão para uma coisa: os Encierros!

Falar de San Fermin e não falar de encierros é como ir a Roma e não ver o Papa… São o ponto alto das festas. Todos os dias às 8h em ponto, hora local como é lógico, de novo um foguete (e posso-vos dizer que a pontualidade é britânica!) assinala a abertura do portão para uma das “corridas” mais puras, frenéticas, intensas e perigosas.

ENCIERRILLO 1024x768© Victoriano Izquierdo

Mas vamos por partes. Na noite anterior ocorre o encierrillo (por norma algo mais recatado e distante dos olhares dos demais) que é o transladar dos toiros, que vão ser corridos, do campo para o curral de Santo Domingo de onde sai o encierro pernoitando já com os cabrestos prontos para a manhã de emoções fortes. Tudo isto é feito em clima de completa serenidade e silêncio, apenas disponível para alguns felizardos, longe do turbilhão que vai acontecer no outro dia. Aqui respeita-se! E muito!

Na manhã seguinte os corredores, os curiosos, os transeuntes vão se acumulando nas calles num ritual que já dura há séculos! Na Cuesta de Santo Domingo os corredores amontoam-se perante a pequena estátua de San Fermin e cantam 3 vezes “A San Fermín pedimos…”, pedindo protecção, já que contas feitas por alto a 6 toiros bem crescidos, estamos a falar de 3 toneladas a correr pelas calles (fora os cabrestos). Para cerca de 900 mts de extensão desde o seu começo até à Praça de Touros onde os toiros são recolhidos para as lides da tarde.

Nunca vi algo remotamente parecido com isto, as ruas apinhadas de corredores (2000-2500 por cada encierro), uns mais temerosos outros mais corajosos, mas conscientes dos perigos que os podem esperar, sim digo esperar, porque nos 3 min. de tempo médio que pode decorrer um encierro normal, também os há que correm mal, entre cornadas fatais, cornadas que deixam marcas para a vida, histórias de quase encontrar o “Criador”, aquela fracção de segundo entre passar um “piton” de um bichinho de mais de 500kg e ficarem em segurança!

Chegada à Praça, recolher os toiros e alguns minutos depois, assiste-se a outro espectáculo com a largada de algumas vaquillas para o divertimento geral, não só dos toreros incautos como para o público que se deslocou à praça para ver a chegada dos outros “bichos”. Ajoelhados /deitados na porta de saída, a vaquilla não tem outro remédio que não seja saltar por cima dos mesmos… E começa o “bowling”… Gargalhada certa! Mas que não se pense que não há regras a cumprir! Nada de agarrar ou molestar em demasia o animal, algo que é logo relembrado pelo coiro de assobios vindos da bancada ou de um “punhetazo” de alguém mais antigo. E situações recorrentes são logo convidados a sair pela polícia antes que a coisa azede. Lá está… aqui o respeito é muito!!!

Claro que San Fermin não é apenas e só encierros e touradas. Também tem a sua componente religiosa e popular, bastante patente durante os dias todos das festas.. Existem vários espectáculos e actividades a decorrer durante o dia, os músicos das várias peñas distribuídas pela cidade animam as calles e os que por lá passam. Os gigantones e cabeçudos que fazem vários desfiles durante os dias da Festa. E claro está não podia faltar o fogo de artifício todos os dias à noite, onde no parque que envolve a cidade, a relva fica “pintada” de branco, vermelho, sacos plásticos – botellons, pamploneses, turistas completamente mergulhados no espectáculo de 10-15 min nos céus!

9 dias depois, chegamos ao fim. 14 julho às 23h59 a Praça do Ayuntamiento enche-se de novo! O semblante das pessoas é perceptível, acabou-se… os lenços são retirados ao som de:

«Pobre de Mí, Pobre de Mí, que se han acabado las fiestas, de San Fermín»

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ps – “pobre de mí” que não sei quando lá voltarei… mas irei lá voltar de certeza!!!

Para mais informações consultem: www.sanfermin.com

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