Qual é a tua Marca Pessoal?

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“Um grau a mais de dedicação ”

Um verdadeiro exemplo de marca pessoal, e de dedicação, a avó Maria Alice começou a cozer pão com 11 anos e a costurar com a mesma idade, nunca foi à escola. Conheceu um homem, aquele com quem se casou, conheceram-se num baile, gostou logo dele, mas não contou nada a ninguém, meio “bicho do mato” e cheia de um orgulho muito dela, até ao dia em que ele a convidou para dançar, ele perguntou se ela era comprometida, e ela aprontou-se a dizer que era uma mulher de respeito. Disse-lhe, “tem que esperar se gostar de mim” e ele esperou, casaram, tiveram dois filhos, ele partiu cedo, a vida afastou-os fisicamente mas nunca no coração. Sem saber ler, nem escrever, vestiu luto que não tirou até hoje. Mulher de rosto carregado, com dificuldades agarrou-se à máquina da costura, e ao forno a lenha, cozia pão como ninguém, trabalhou dia e noite, foi mãe e pai no meio de dois filhos homens, perdeu um, mas nunca o amor por ele, ganhou dois netos e o respeito de todos os homens que nunca quiz voltar a amar.

Uma marca pessoal, uma mulher no meio de homens, no campo, no forno a lenha, na sua aparente frieza e pouca doçura feminina, mostrou-me que uma mulher não é nem mais fraca nem mais forte, é sempre o resultado da forma como decide estar, ser e fazer perante o que alguns chamam de destino ou de caminho, não pudemos mudar o que nos acontece, podemos sempre escolher a forma como agimos perante o o que nos acontece. Exemplo na vida real, de resiliência, de força e de caráter, marcaram o meu percurso no desenvolvimento pessoal, no marketing pessoal, nas marcas pessoais e no empreendedorismo.

Na verdade, acho que a sociologia foi uma forma de me colocar perante os outros, de pensar sobre os outros e os outros em sociedade, a gestão de recursos humanos, um desafio que fez parte da minha vida durante 15 anos, fez e ainda faz, continuo a gostar de trabalhar com e para as pessoas. O coaching comercial, marcou o inicio de uma transformação efetiva rumo à minha marca pessoal, o desafio do empreendedorismo e a gestão comercial muitos ensinamentos. A ideia é: Se fosses uma marca o que serias? de que serias feito? como gostarias de ser conhecido, recordado? o que gostarias de provocar nos outros? Uma resposta a estas questões exige um grau a mais de dedicação e de esforço, o inicio de um trabalho que começa com o auto-conhecimento.

Numa sociedade que nos absorve, em tarefas muitas vezes rotineiras e pouco produtivas, meio esquizofrénica em que se valoriza tantas vezes o “ter” em detrimento do “ser”, tendemos a resistir à mudança, a não sair da nossa zona de conforto, muitas vezes, mesmo confrontados com situações estremas o nosso cérebro é mesmo persistente quando se trata de manter o status quo. Somos filhos e netos de gente empreendedora, mas ainda promovemos pouco a nossa Marca Pessoal.

Trabalhar a nossa Marca Pessoal, implica sempre um turbilhão emocional, de escolhas e de mudanças, porém ajuda-nos a conhecer melhor os nossos pontos fortes, e as nossas áreas de melhoria, a avançarmos e a ousarmos mudar o que muitas vezes o medo nos impede de mudar, e ainda a dizermos ao mundo o que nos torna únicos e por isso diferentes. Para isso, é importante termos presente o que Paulo Vilhena designa de “Autoconceito”, ou seja, o nosso conceito sobre nós próprios, uma vez que os nossos resultados em todas as áreas da nossa vida dependem directamente do nosso autoconceito.

Existem três componentes essenciais no nosso autoconceito. Uma delas é o nosso auto-ideal, que resulta das qualidades que aprendemos a admirar nos outros, qualidades essas que queremos para nós. Melhorar o nosso auto-ideal depende da nossa capacidade de idealizar que qualidades teríamos se fossemos perfeitos, quando determinamos o nosso auto-ideal, podemos até achar que estamos longe de o alcançar mas temos uma direção, e ter uma direção significa progredir, não passarmos e terminarmos a vida no mesmo ponto onde começamos.

A segunda componente do autoconceito é a auto-imagem, a qual representa a nossa ideia sobre nós próprios, é ela que, de forma imediata explica muitas vezes comportamentos que adotamos perante uma determinada situação, é constituída por ideias e convicções que temos sobre nós e que derivam muitas vezes das expectativas que os outros têm de nós, especialmente dos que reconhecemos algum tipo de autoridade. E por último a componente auto-estima que representa o quanto gostamos de nós próprios, muito influenciada pelo nosso nível de desempenho nas tarefas que nos propomos fazer e reforçada na direta proporção da nossa aproximação ao nosso autoideal. Vamos buscar o fundamento da nossa auto-estima à nossa infância e ao amor que tivemos nessa fase das nossas vidas. Normalmente, faz-se confusão entre uma autoestima elevada e um ego “sobredesenvolvido”.

As pessoas que mais parecem gostar de si próprias, as tais que têm um ego “sobredesenvolvido”, desenvolvem esses egos quase sempre como forma de combater uma baixa auto-estima, como se fosse uma proteção. Para melhorar o nosso “autoconceito” e as componentes que o integram, e com isso construírmos uma Marca Pessoal forte, adotar uma atitude de optimismo é fundamental. Claro que teremos dias menos bons, momentos em que decidimos parar mas nunca em desistir, enfrentamos críticas destruidoras e orgulhos de “meia tigela”, perdemos menos tempo com pessoas que querem fazer-nos perder o nosso tempo e escolhemos um auto-discurso positivo, pois o que dizemos a nós próprios, a forma como comunicamos connosco, tem uma influencia direta nos nossos resultados.

Como diz Brad Sugars: “O que faz a diferença é o que dizemos a nós próprios sobre nós próprios quando estamos sozinhos” Não temos que ser mais, nem melhor que ninguém, podemos trabalhar a nossa marca pessoal e encontrarmos a nossa melhor versão, partindo sempre de um lugar de gratidão, compreendendo a qualidade daquilo que temos, de todas as coisas positivas e de tudo o que de bom está à nossa volta e escolhermos focarmo-nos nisso, com um grau a mais de dedicação e esforço, adotando hábitos, modelando outros de forma diária e disciplinada. E por último a forma como tratamos os outros, “comporta-te com os outros da mesma forma como gostavas que os outros se comportassem contigo”.

A Maria Alice tem caráter e isso faz dela uma grande marca.

Vera Gomes, 37, Brand Manager

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