Humanidade…que vergonha!

CAPA GHOUTA

Hoje é em jeito de desabafo. Não há outfits, cenas de gajos, festas. Hoje é sobre a Vergonha. Essa emoção intensa que me assolou nestes dias e me levou a partilhar isto convosco.

Confesso que tem sido uma semana cansativa, entre o “day job” e terminar trabalhos fotográficos pela noite dentro, não tem sido fácil estar a par do mundo e tentar estar com a “ficha” semi-ligada. Se nos últimos dias  o  instinto me leva a “fugir” do frio e chuva que nos tem assolado, a procura pelo conforto e o sorriso dos  entes próximos, confesso que a situação em Ghouta me desarmou completamente.

Todos temos (sim, aqui estou mesmo a generalizar), uma tendência natural para olhar para o lado quando aparecem imagens chocantes, principalmente com crianças (ai as crianças). Assim, numa fracção de segundos, viramos a cara e mudamos de canal ou pensamos noutra coisa qualquer. Não é connosco. Alguém é responsável, alguém deve ir resolver! É um pensamento egoísta que temos, mesmo por fracções de segundos, é o que me vem à cabeça. Sinto-me pequeno, estúpido e ignorante por fazê-lo, admito! Desta vez, não graças às noticias na TV, mas às imagens fortíssimas (que fotojornalismo!!!), que as redes sociais e os meios digitais têm difundido, mostrando realmente a dura e crua realidade do que aquela gente está a viver, principalmente as crianças…ai aquelas crianças! Privadas da alegria “obrigatória” na sua idade onde apenas e só deviam brincar e aprender, não sofrer nem saber o que é fome, dor, perda e tanta coisa atroz que acaba por terem de viver, alheadas da sorte.

Dei por mim a “obrigar-me” a ver as fotos (todas!) dos slides, alguns segundos cada, a pensar e a tentar colocar-me naquele local… e depois….bem, depois fui dar por mim a olhar para a minha mais que tudo, o meu “tesouro” e reflectir. Olhando para aqueles olhos de uma criança alegre que tem a felicidade de ainda viver num paraíso, paraíso esse que por estes dias  se queixa do frio e da chuva, do futebol podre, dos corruptos, da falta de justiça social, económica…já referi que mesmo assim é um paraíso?

Que revolta! Porque é que o Mundo não reage e segue a assobiar para o lado? Como é que é possível colocar os interesses à frente destas imagens? Porque é que as grandes potências ou a ONU nada fazem? Porque não consegue chegar a ajuda humanitária a quem mais precisa? Que posso eu fazer para alterar isto?

Que sentimento de impotência. Tento perceber que andamos a trilhar um caminho, um futuro cheio de prioridades trocadas, onde o que é realmente importante, a vida humana, simplesmente não vale nada.

Convido todos a fazer o mesmo. Vejam algumas destas imagens que a net “generosamente” partilha para que consigamos perceber sem dó nem piedade o sofrimento e a angustia que esta gente vive…e sem culpa nenhuma!

(IMAGENS: REUTERS)

Agora olhem à vossa volta…a família, o conforto da vossa casa (está frio e a chover lá fora), o vosso prato de comida na mesa, os amigos, os sorrisos e as vossas crianças, filhos, sobrinhos, vizinhos… parem e pensem: E se isto simplesmente desaparecesse? Sim, Ghouta já foi um paraíso…

Sinto vergonha desta “humanidade desumana”, fria, egoísta e que continua a pensar que o mal apenas acontece aos outros…

Acções de ajuda são bem-vindas para partilha…temos de fazer qualquer coisa, nem que seja começar a deixar de olhar unicamente para o nosso umbigo.

Ainda à momentos pensava eu que tinha problemas…

Ass: um Humano Envergonhado.

 CAPA: voiceofpeopletoday.com

Comments (3)

Também eu estou contigo B . Também eu sinto vergonha, impotência e uma vontade gigante de ajudar. Mas perdida, muito perdida sem saber como ajudar. Se houver alguma forma de ajudar estarei na primeira fila .
Completamente envergonhada destes miseráveis que acabaram com a infância de tantos.

Também eu estou contigo B . Também eu sinto vergonha, impotência e uma vontade gigante de ajudar. Mas perdida, muito perdida sem saber como ajudar. Se houver alguma forma de ajudar estarei na primeira fila .
Completamente envergonhada destes miseráveis que acabaram com a infância de tantos.

Obrigado pelas palavras Carla.

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