#RESPECT

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Foi ou não foi o combate do século? 

Com um circo montado à meses com acções de promoção pelas principais capitais do mundo, presenteando um “reformado” e invicto Floyd “Money” Mayweather Jr contra um Irlandês duro de roer vindo do UFC. Num ringue de boxe sobre as regras do mesmo, previa-se desde logo uma desigualdade que muitos compararam a um concurso de trompete entre Miles Davis e Jimi Hendrix ou uma corrida de 5000 mts entre Usain Bolt e Mo Farah.

Mas Conor McGregor, conhecido pela sua história de vida (chegou a viver do rendimento mínimo de 188€) tendo chegado ao topo do UFC (é o único campeão em duas classes) talvez balançado pela “gorda” recompensa, decidiu embarcar nesta história com final anunciado.

Muitos pensariam (eu confesso que também sonhei) que fosse possível vencer o imbatível “Money” que anunciava que iria bater MacGregor em três tempos. A verdade é que o combate durou 10 rounds, tendo terminado com um KO técnico, onde o Irlandês nem sequer foi ao tapete.

Na minha humilde opinião, tendo assistido ao “circo” nos últimos meses, “Money” Mayweather com uma estrutura já montada, além de amealhar mais uns milhões para suportar o seu estilo de vida excêntrico decidiu bater o record da outra lenda da modalidade, Rocky Marciano (também tinha um record de 49-0) em busca pela vitória 50 que teria de ser no mínimo épica. O Irlandês nunca foi no meu ver um adversário rancoroso, desonesto e pronto para partir para a acção num dos espectáculos de promoção que houve pelo mundo inteiro, onde noutros duelos se chegou quase ou mesmo a vias de facto. Sempre fiquei com a sensação que os cachets envolvidos (fala-se que só pela presença em ringue valeu 100 Milhões para cada um, mais sponsors e afins) os dois se respeitavam e até se mostravam amigos, sendo que era necessário aquele show-off de picardias, “bocas” e desafio permanente para “apimentar” o que aí viria.

Chegado o dia, foi notório o flop promocional, sendo que ficaram desde logo alguns dos 15.000 lugares vagos na T- Mobile Arena onde tinham bilhetes disponíveis entre 500 e 10.000 dólares, coisa pouca! (falta saber ao certo como fechou o balanço em termos de sponsor’s e share de audiência em termos  de pay-per-view). Não tendo de qualquer forma faltado a presença de muitos famosos para assistir a esta luta desigual onde muitos (pelo menos as redes sociais assim o apontavam) esperavam um milagre Irlandês.

Não houve milagre, mas houve respeito, McGregor saiu derrotado, mas provou ser um senhor, perdeu imenso tempo a olhar para o arbitro para perceber se estava dentro das regras (dizia-se que teria uma penalização de 90% do seu cachet se aplicasse algum golpe de MMA), aguentou 10 rounds, muito mais do que o seu adversário previa e nem sequer foi ao tapete, como muitos esperam num combate destes. Houve cortesia no fim, tempo para os elogios e sair de cara levantada, até porque Mayweather amealhou mais uns milhões para a conta e mais do que isso, retirou-se em definitivo com o ambicionado 50-0, e MacGregor além do chorudo (e impensável no UFC) cachet que levou para casa, ganhou o respeito no mundo do boxe, que o havia gozado e dado pouca credibilidade.

Confesso que apesar da derrota, pelo que vi, continuo pelo team MacGregor.

Respeito.

( fotos : Reuters)

 

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