Uma ilha no Atlântico…uma pequena baía…água cristalina e calma…fauna única e abundante…sem resorts, turistas ou até mesmo civilização no geral…locais únicos para visitar…um marco na história de um país…uma das 7 maravilhas naturais…um património classificado pela UNESCO!
…não vos despertou a atenção? Então podem ficar por aqui…obrigado e um queijo, amigos como d’antes! 😉
Se ainda por aqui continuam, falo-vos da Ilha das Berlengas, uma pequena ilha ao largo da nossa costa, esquecida ou desconhecida por muitos, despercebida por outros, afinal nem sempre está à vista e nem todos têm estômago (literalmente) para lá chegar!
A 10km de Peniche, visível da costa (quando a meteorologia assim o permite), está esta ilha que na verdade não é a Ilha das Berlengas mas sim o Arquipélago das Berlengas, formado por três ilhas – Berlenga Grande, Farilhões e Estelas.
Todos os anos um grupo de amigos, aventureiros diga-se, pois só o espírito de aventura permite a estadia nesta ilha, cumprem o “ritual” de visitar esta ilha e por lá passar alguns dias! Na bagagem segue o essencial para três dias de estadia, que mais parece bagagem para um mês, dado que na ilha não existem os bens essenciais que noutros locais turísticos ou de campismo damos por adquiridos…mas a Berlenga também não é um resort, uma atracção ou um destino de férias ou turismo…a Berlenga é uma ilha selvagem e assim deve permanecer!
Água doce, electricidade ou até algum tipo de infraestrutura para cozinhar preparar as refeições são coisas que não existem! WC e duche existem…fornecidos com água salgada que é a que por ali não falta!
Um retiro de férias de sonho, portanto!!
Começa com uma calma, tranquila e relaxante viagem do porto de Peniche até à ilha…senhores passageiros, relaxem e descontraiam, dentro de momentos será servida uma refeição. BRINCADEIRINHA!! Com sorte os 30/40 minutos de viagem fazem-se apenas com um enjoo! Se o pequeno almoço foi mais completo ou o estômago mais sensível, completa-se o serviço com uma “carga ao mar” (literalmente, quando nem tempo há para abrir o saquinho que nos é dado no inicio da viagem!). Noutros dias há que o mar não está para aturar barcos e apercebemo-nos que afinal o barco em que seguimos não é assim tão grande e invencível! Mas há que ver os aspectos positivos…o nosso cérebro fica tão focado (por vezes a roçar o pânico) na dimensão das vagas que se aproximam e nos balanços do barco que acaba por se esquecer de enviar informação ao corpo para efectuar todo o processo de enjoar! Não enjoamos, borramos a cueca! Venha o diabo e escolha…
Na “mochila”, o essencial…umas mudas de roupa (recordar o parágrafo anterior), a higiene pessoal, contando que o banho, os dentes e outras lavagens serão feitas com água salgada (o contrário vai sair-vos do corpo e já perceberão porquê), um barraco para pernoitar (os resorts costumam estar esgotados e ao relento, numa ilha no meio do mar sem árvores e com uma população acima do normal de gaivotas e roedores, não é recomendado), comida daquela que aguenta vários dias sem refrigeração mas garantindo uma qualidade de alimentação digna de umas férias, fogareiro e carvão (férias que são férias têm de ter churrasco!!), 5L de água doce por pessoa para três dias (há que racionar!…ou então tornam-se finos, querem banhos e higiene com água doce e podem contar com mais uns quantos litros às costas…eu disse que saía-vos do corpo!!), toalha e protector solar porque esta praia está debaixo do mesmo sol que as outras, um barco insuflável, um par de barbatanas, um fato de mergulho e uma máscara para as actividades lúdicas, um kit de pesca pois não há actividade de férias mais relaxante e tranquila que esta e por último mais uns quantos gadgets que dão um jeitão neste tipo de férias (como um martelo, umas cordas, umas cavilhas e ‘tecnologia’ similar).
Como podem ver até aqui, as férias de sonho de qualquer pessoa!!
Para os mais dependentes da civilização, boas noticias sobre o que podem encontrar na ilha! NÃO, NÃO HÁ WIFI, PORRA!!…Há café e minis!!! Mas não é gratuito nem há multibanco na ilha, portanto mais um item a colocar na bagagem.
Nesta altura perguntam-se: F***-se!! Se isso é assim tão “bom” e tem “tanta” coisa, porque raio se vai para as Berlengas passar vários dias?!
“Natureza selvagem” seria resposta suficiente mas o mundo moderno está-se cagando para a natureza e o planeta…portanto, junto descanso, tranquilidade, desligar (realmente!!) do mundo, ausência de civilização e ar puro (coisa que começa a escassear nas zonas urbanas onde passamos grande parte dos nossos dias)!
O que se pode então fazer nas Berlengas? Praticamente tudo o que se faz numa ilha semi-deserta…praia, mergulhar, explorar a ilha, as grutas e os seus trilhos, observar a fauna local (sim, existe mais do que gaivotas e ratos!!), conhecer a história da ilha (e em parte de Portugal), pois não é só um calhau plantado no mar, possui um forte, construído sobre as ruínas de um antigo mosteiro…portanto a Berlenga já foi “poiso” para monges e soldados!!
Além da componente natural, existe a outra componente (inevitável em locais de interesse, o turismo!) e portanto é possível andar de kayak, mergulhar e explorar os destroços de algumas antigas embarcações naufragadas junto à ilha, realizar tours turísticos à volta da ilha conhecendo algumas das grutas, formações rochosas e histórias (ou mitos) sobre a ilha!!
Para os amantes da vida nocturna, esta também existe nas Berlengas! Discotecas não há porque a electricidade é racionada e à noite reina o escuro…bares, há o do café de das minis, aberto até à 1h…mas é nesta fase do dia (a noite!) que se pratica a arte da pesca, do convivio entre amigos e mesmo após o recolher, a animação continua com os voos rasantes das Pardelas e o ruído peculiar que as mesmas emitem (lembram-se da musica da Shakira para o mundial na África do Sul em 2010?!…o refrão terá sido inspirado na Pardela…a parte do “waka waka”!!)!
Como facilmente concluem, o local ideal e indicado para quem pretende umas férias de luxo! Para os adeptos da aventura, esqueçam…nem sequer se conseguem espetar as estacas da tenda no chão rochoso da ilha!!
Independentemente de se sentirem atraídos ou não pela ilha, não deixem de pesquisar sobre a mesma e conhecer um pouco mais do que é o nosso património!
E para o ano lá estaremos novamente! Ou como dizia o outro…QUERO VOLTAR PARA A ILHA!!!!