O cheque das Finanças!

capa benjas

Há dias recebi uma carta e nisto da correspondência tradicional, há dois remetentes dos quais nunca queremos cartas…são a Brigada de Trânsito e as Finanças! (eu sei, as cartas da água, luz, gás, tv/internet/telefone também não são agradáveis…mas são “opção” nossa).

No entanto a carta que recebi foi do segundo remetente, as Finanças!

Por estas datas e sendo a minha actividade fiscal a de um comum cidadão, nada de bom havia a esperar desta instituição…”vamos lá ver quanto é a ‘dor’ desta vez?”.

UM CHEQUE!!!

Exacto, a carta era um cheque das Finanças relativo ao IRS. E é aqui que começa a minha intriga por este facto. Isto há uma dúzia de anos atrás, era procedimento normalissimo, no entanto nos últimos anos (no minímo, há mais de oito), este procedimento é feito de forma digital, através de transferência bancária.

Então porque raio estou a receber eu um cheque?! Porque estão as Finanças a usar este desactualizado e pouco seguro meio de comunicação para um reembolso monetário?!

Como não tenho resposta resta-me especular pois até à data continuo com esta dúvida e certamente me irá acompanhar o resto da vida (ou até ter algo minimamente interessante em que pensar!)

Será que o NIB está inválido?

Nop! Confirmado no comprovativo da declaração, está OK!

Será pelo montante?

Não me parece. Já tive outrora reembolsos excêntricos de 20€ e foram feitos por transferência bancária.

Será por me encontrar nalgum regime tributário especial?

Naaa…regime chapa 5, desconta uma fortuna como qualquer trabalhador por conta de outrém, recebe uma miséria como…qualquer trabalhador por conta de outrém!

Será este o processo normal para os reembolsos do IRS?

Claro que não! Toda a gente (julgava eu!) recebe os reembolsos por transferência bancária, excepto os que se enganam no NIB e eu!

Enfim, não faço ideia! Intriga-me sim que há uns anos foi criado o Simplex, uma forma de modernizar os serviços públicos, incluindo as Finanças, praticamente tudo o que a esta instituição diz respeito é feito de forma digital, já nem o IRS é feito em papel (e quem não tem net, paga para que lhe façam a declaração!) e há dias o actual Primeiro Ministro anunciava mais um pacote de medidas Simplex, modernização e coisas modernas!

Então porque raio me enviam por correio tradicional um cheque?! Nem nunca tive livros de cheques, nunca usei e provavelmente o último que tive na mão era para aí do Fonsecas & Burnay!

Última hipotese, certamente a resposta certa e a estratégia mais inteligente para o Estado e as Finanças…manter o dinheiro o máximo de tempo possível do lado das Finanças em vez do contribuinte para beneficiar de juros enquanto ainda está do lado deles! Eu faria o mesmo, se os juros sobre a minha conta tivessem um valor inteiro superior a zero à esquerda da virgula…

Ou isso, ou uma outra estratégia que também me parece viavel nos dias de hoje…é que a malta se vá esquecendo do cheque e este acabe por ficar perdido e nunca seja depositado, garantindo assim que as Finanças cumpriram o seu papel e se o contribuinte não recebeu foi por sua prórpia negligência! Isto porque nos dias de hoje, depositar um cheque significa muito provavelmente ir a um balcão pois nem todos os ATM têm esta funcionalidade e mais dificil ainda, com a quantidade de banco praticamente só digitais, balcões fisícos é mentira! A coisa fica complicada e cria transtorno, sendo que o depósito do cheque vai sendo adiado e quem sabe, cair no esquecimento! (aqui está a justificação para não termos contas em bancos digitais…se tivermos de depositar um cheque, estamos feitos!)

E é isto!! Acabei por ir a um ATM que aceita cheques, depositei o dito e os 20 paus já estão do lado de cá…com os juros destes já não contam vocês, Finanças!!

Simplex, como qualquer processo moderno do século XXI!

Comments (1)

Bem escrito, bem pensado, bem concluído!
Como se está a passar o mesmo comigo, hoje agosto de 2021, aqui vai a minha solidariedade e o meu cumprimento.
Luiz Carvalho

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