MEET MARIO FRANCO

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15 anos separaram o sonho da concretização de estar presente na mítica prova agora na Arabia Saudita, mas para o Mario Franco, piloto e empresário Alenquerense, a determinação está na chave para o sucesso. 

Recém chegado da última edição do Dakar, (o SSV da prova ainda estava em trânsito vindo de Marselha) foi na FrancoSport que tivemos a oportunidade de no intervalo de um treino com um cliente , nos conceder esta entrevista contando-nos um pouco mais sobre esta fantástica aventura e o futuro deste projecto desportivo.

        O sonho de estar no DAKAR, tem sensivelmente 14, 15 anos, podes nos contar como nasceu esta vontade de estar presente nesta mítica prova?

desde os 13 anos que participo em competições e procuro sempre crescer e aprender utilizando as competições internacionais. Sou muito ambicioso de estar onde os melhores também estão, porque é com eles que aprendemos. Ver as provas do Dakar sempre foi um prazer e sonhava fazer um dia. Com a entrada dos SSv no Todo Terreno, isso passou a ser possível de alcançar sem correr o risco de me aleijar.

Como foi passar dos Quads para os SSV’s?

Só assim foi possível a minha participação em TT. Tenho moto4 desde os 9 anos, e comecei em passeios com o Alfredo Castro aos 15. Começou logo o bichinho da competição nas motos, mas não podia porque competia em BTT. Fiz 2 anos de Yamaha 450 em 2007 e 2008 mas parti uma clavícula 2 vezes em 2 meses e optei por não competir mais porque não queria nem me podia aleijar. Em 2015, voltei a pegar na moto4 para ir à Baja Portalegre, vi os SSV e pensei que era mesmo aquilo. Andar de SSv é extremamente seguro e foi isso que me levou a começar nos SSV. Acima de tudo, passar de quad para SSV, é por segurança.

       O projecto FrancoSport nasce…

A FS nasce pela necessidade que o mercado tinha no aluguer, preparação e assistência em SSV. Quando iniciei nos SSV, tive a necessidade ter alguém a dar-me assistência, e em vez de fazer fora, optei por ter alguém, neste caso o (Luis) Engeitado a fazer esse trabalho para mim, até porque a minha mulher tinha começado também. Compramos 3 SSV Yamaha YXZ1000R SS. Pouco tempo antes também tinha lançado o convite ao Ricardo Batista para team manager.

       Fala-nos da ligação com a Yamaha Portugal?

É uma relação muito forte, que começou por uma ligação de infância com a marca e passou a ser ainda mais forte devido às pessoas que a gerem. Sempre tive o apoio do Dr. Filipe Almeida e do Luís Figueiredo nos meus projetos. Foram também um parceiro essencial nesta nossa ida ao Dakar.

        Fazem desenvolvimento para a equipa e clientes ou também para a marca?

O desenvolvimento é sempre para a equipa, no meu carro… nunca utilizamos os clientes para esse desenvolvimento, e só aplico esse desenvolvermos nos carros dos clientes quando me oferece garantias de fiabilidade.

      Participando regularmente em provas do Nacional e algumas provas Internacionais, que diferenças existem e que preparação exige para o desafio Dakar?

A preparação para sermos competitivos é sempre a mesma, no entanto, para um Dakar com as ligações e o numero de dias seguidos, fizemos uma preparação muito muito intensa e bastante exigente, cumprindo à risca o que o preparador físico planeava, só assim se conseguiu atingir o objetivo final.

       No Nacional por norma és navegado pelo Nuno Guilherme, mas neste desafio contaste com a ajuda do teu primo Rui Franco na Navegação. Conta-nos mais sobre a razão desta escolha?

A razão desta escolha prende-se com a fidelização que tenho as pessoas, o Matias é o meu navegador cá, mas quando fiz o rally de Marrocos, o Matias já se tinha comprometido em ir com o Rui Serpa, que também ía na nossa estrutura. Como o Matias não estava disponível, convidei o Rui, então assumimos que o Rui corre nos ralis internacionais e o Matias nas Bajas cá em Portugal.

      Como se prepara um SSV para uma prova destas?

Foram dois anos a testar e desenvolver intensivamente peças, parte elétrica, motores, turbos, engenharia de motores no desenvolvimento, pneus, suspensões… enfim, só assim se consegue que um carro construído a 90% por nós, consiga acabar bem classificado.

       E a logística envolvida?

A Logística foi um Camião 6X6, uma Mercedes sprinter e uma Autocaravana, fundamental para o nosso descanso.

       Conta-nos como te preparaste física e psicologicamente para esta aventura?

Fiz uma preparação de 7 meses, com o Manuel Nicolau, preparador físico, com um treino específico para a competição automóvel, de tanta intensidade e de tantos dias. Nutrição utilizei os meus conhecimentos e com a ajuda do Hugo vítor, estabeleci um plano de nutrição, especialmente em prova, em que tudo o que tomei foi testado em treinos cá, para adaptação. A Andreia Solposto foi a fisioterapeuta que me apoiou cá, a Ines Gonçalves, na prova. Foram 7 meses de treino intensivo, sempre com muitos sacrifícios familiares, que também foram fundamentais nesta aventura.

       Quando terminou a primeira etapa, que sentimentos veem à cabeça apos o choque/diferenças para o que habitualmente ocorre numa corrida por cá?

O choque que houve foi logo á partida de Portugal, com o “Nós Vamos” e depois percebermos que eramos capazes de fazer um bom resultado. Honestamente não tinha essa noção, mas com o decorrer da prova conseguimos perceber que com um upgrade ao nosso carro poderíamos fazer um resultado interessante.

        Momento mais difícil na prova?

O momento mais difícil foi mesmo a quebra do triangulo na 10ª etapa que nos comprometeu um bom resultado final da prova.

        Para os menos entendidos, como descreverias um dia normal de etapa num Dakar? 

Acordava sempre 2 horas antes de sair do Bivouac, tomava o pequeno almoço, equipava-me e partia para a ligação, que normalmente tínhamos de ir sempre a fazer contas para chegar 20 minutos antes. Fazia alguns exercícios de aquecimento, comia uma barra de proteína e tomava um gel de cafeina que ajuda muito na concentração inicial. Fazíamos a etapa, com abastecimento perto do Km 200, tomava mais uma barra energética, um suplemento proteico, e arrancava-mos para o final. Depois ligação até ao Bivouac, quando chegava, dava o feedback aos mecânicos e ia para a autocaravana, tomar banho, descansar e normalmente traziam-me o jantar para a autocaravana. Uma massagem da nossa fisioterapeuta e cama…

      Garantida uma classificação positiva tendo em conta ter sido a 1ª participação, o que poderemos esperar para 2023 da FrancoSport ?

Podemos esperar uma equipa ainda mais preparada, com mais conhecimento técnico e competitivo. Esperemos que com mais clientes para dar mais alguma sustentabilidade ao projeto.

       Vão estar mais SSV’s da equipa no futuro?

Esperemos que sim, os clientes são parte importante do projeto. Esperemos que o carro que a Yamaha vai lançar também seja uma rampa de lançamento pra isso.

       Quem quiser estar com a equipa no Nacional ou neste tipo de provas, que soluções tem ao dispor a FrancoSport para os interessados?

A nossa preferência é a solução “chave na mão” uma vez que temos o conhecimento total de como tudo funciona. Disponibilizamos o SSV, a assistência, e todas as condições administrativas para que o cliente não se preocupe com nada. Temos ainda incluído o serviço de autocaravana e um serviço que estou a começar a implementar, como a preparação física, +psicológica, nutrição desportiva e fisioterapia antes e durante a prova.

      Com os desenvolvimentos na concorrência em especial da CAM-AM e o ultimo modelo da POLARIS a sair, a Yamaha está preparada para responder à altura no vosso entender?

O carro que a Yamaha está a preparar, e que nós também estamos envolvidos, é fantástico, ao nível dos melhores Can-am. A Yamaha poderá atrasar-se a lançar algo, mas porque quer ter a certeza que o que faz, faz bem, e isso depois reflete-se.

    A Franco Sport têm uma palavra a dizer no desenvolvimento dos futuros Yamaha’s?

Temos colaborado com desenvolvimento do novo carro, sim, tanto ao nível técnico como eu como piloto.

    Para terminar, que concelhos darias para quem se quer iniciar nesta modalidade?

Que estar a partida de um Dakar já é uma vitória, uma vez que os valores envolvidos são algo elevados, logo uma boa comunicação e projeto é fundamental para atrair possíveis patrocinadores, mas depois, que se preparem fisicamente pois é um sofrimento muito grande se vamos abaixo anímica e fisicamente.

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